Por: Elisonaldo Câmara
A
implantação da República não alterou as condições sociais dos sertanejos,
vítimas das dificuldades econômicas das secas e da opressão dos latifundiários,
no final de 1870, um ciclo de secas devastou o sertão do Nordeste do Brasil, as
poucas terras ainda produtivas concentraram-se nas mãos de grandes
proprietários, e sobraram poucos empregos regulares para a população local. Por
isso, muitas pessoas, em busca de trabalho emigravam para os seringais da
Amazônia, para as fazendas de cacau no Sul da Bahia ou para as regiões
cafeeiras do Sudeste.
Por
volta de 1871, apareceu na região um peregrino em meio a esse cenário de
devastação e pobreza, nascido na cidade de Quixeramobim no Estado do Ceará, Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido
por conselheiro, andou pelo sertão nordestino durante muitos anos, pregando,
aconselhando e conclamando a população a construir e reformar cemitério, igrejas,
coordenava tarefas coletivas de construção de casas, açudes e colheitas
agrícolas. Muitos passaram a segui-lo nas andanças e a divulgar suas mensagens
religiosas.
Em
1883, o grupo liderado pelo Conselheiro se fixou nas terras de uma antiga
fazenda Canudos, no norte da Bahia, as margens do Rio Vaza-Barris, a comunidade
foi batizada de arraial do Belo Monte, cresceu rapidamente recebendo pessoas
que fugiam das perseguições dos Coronéis, eram: sertanejos pobres e famintos,
sem emprego nem perspectiva de vida e fiéis em busca de novas experiências
religiosas. O número de moradores é incerto: alguns historiadores e autores
estimam que atingiu cerca de 10 mil a 30 mil habitantes. Em Canudos foi
organizado uma economia e base comunitária, em que todos deviam trabalhar para
o sustento do grupo. Dedicavam-se á agricultura, ao artesanato e a criação de
animais, toda a produção era dividida entre os membros da comunidade. O
crescimento de Canudos incomodou proprietários de terras, líderes da Igreja
Católica e autoridades políticas, que consideravam o movimento uma ameaça ao
regime de propriedade de terra, baseada no latifúndio ao poder da Igreja e à
República.
Em
1896, os governos baiano e federal iniciaram uma campanha militar contra
Canudos. As três primeiras expedições, apesar da superioridade bélica do
exército republicano, foram derrotadas pelas forças de Conselheiro. A quarta
expedição formada por quase 10 mil soldados fortemente armados, conseguiram
invadir e n totalmente a comunidade de
Canudos, em 5 de Outubro de 1897.
Nenhum comentário:
Postar um comentário