Prof.° Elisonaldo Câmara

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Mossoró/Guamaré / Pedro Avelino, Rio Grande do Norte, Brazil
Graduado em História pela UERN, Especialista em Geo-História, professor do município de Guamaré e do Estado do Rio Grande do Norte.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O centenário do Samba.


 
Por: Aline Viana dos Santos/ Revista Mundo Jovem.

A data de 27 de novembro de 1916 entrou para a história da Música Popular Brasileira, como oficialmente o nascimento do samba,tendo sido registrado na Biblioteca Nacional, a música '' Pelo telefone'' de autoria do jovem Ernesto Joaquim Maria dos Santos,mais conhecido como donga,boêmio  e frequentador das rodas de música na cidade do Rio de Janeiro. O samba já era um ritmo presente em algumas regiões do Brasil. Segundo historiadores,foi na Bahia que surgiram as suas primeiras expressões. No Recôncavo baiano nasceu o samba de roda que é a fonte de todas as variações do samba, como o carioca,que foi o que mais se popularizou em nível nacional e internacional. Foi na Bahia em 1835 que foi palco da Revolta dos Malês, grupo de escravos muçulmanos que pretendiam colocar fim ao domínio dos brancos na província da Bahia. Foi nesse ambiente aonde as mais diversas etnias africanas se viam violentamente misturadas, que surgiu o samba de roda,manifestação cultural que mistura música,dança,poesia e festa. Nascido do encontro de rituais africanos como a capoeira,com instrumento portugueses, como a viola e o pandeiro,os passos de samba que aconteceram na roda vão envolvendo a todos. Com a migração de negros baianos para o Rio de Janeiro no final do século 19,deu-se inicio a tentativa de reproduzir nos bairros cariocas o seu ambiente cultural de origem: a religião, a culinária,as festas e o samba. A sofisticação do samba se iguala a outros ritmos ilustres como a bossa nova e o pagode.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

MAOMÉ: O NASCIMENTO E A EXPANSÃO DE UM IMPÉRIO.




Nos dias atuais muito se vincula sobre a fé islâmica e seus seguidores, atentados, homens bomba, guerras e execuções são exibidas nas redes e são vistas por milhares de pessoas, criando assim no senso comum uma forte ideia de que todo muçulmano é terrorista, e que todo terrorista é muçulmano. Esse é um assunto complexo e que precisa ser trabalhado com bom senso para se desconstruir estereótipos e através da reflexão e informação podemos sim, melhor compreender os costumes e os acontecimentos históricos que transformaram o islamismo na segunda maior religião do mundo, ficando atrás somente do cristianismo, mais que ganha novos adeptos em uma velocidade surpreendente. Para isso os convido a entrar comigo nesta aventura e conhecer o um pouca da História do Islã em seu inicio, Vamos?


OS ÁRABES ANTES DO ISLÃ:
Os árabes pré-islâmicos viviam em sua maior parte na Península Arábica, era estepe ou deserto, com Oasis isolados contendo água suficiente para o cultivo regular, esses habitantes falavam vários dialetos do Árabe seguiam diferentes estilos de vida, alguns eram nômades criadores de camelo, carneiro ou cabras, e outros agricultores… O equilíbrio entre nômades e sedentários era precário, quem dominava embora em minoria, eram os nômades dos camelos, móveis e armados que juntamente com os mercadores das aldeias, dominavam os lavradores e artesãos, esses árabes também são conhecidos como Beduínos. A organização era clânica, e o chefe de cada família era responsável por manter a união daqueles que se reuniam ao seu grupo, sendo parentes ou não eram chamados de tribos, e essas tribos eram em sua maioria politeísta, adoravam deuses locais, ou objetos vistos no céu. Porem com as rotas comerciais e a proximidade, muitas das novas ideias já começava a povoar as mentes dos árabes, em meio às guerras entre Bizantinos e Sassanidas (Persas). Os Árabes apostavam no comercio como principal fonte de riqueza, e com o passar dos anos e a convivência com cristãos e judeus fez crescer entre o povo uma espécie de ciúmes, apesar dos Árabes pré-islâmicos serem em sua maioria politeísta, muitos acreditavam que o deus maior em seu panteão, cujo nome é Alá ou Al- Lah (o Deus) era a mesma divindade adorada por judeus e cristãos, mas acreditava que essa divindade não enviaria aos árabes nenhum profeta muito menos um livro sagrado em língua arábica. E para piorar os judeus e cristãos com quem se encontravam com frequência escarneciam dos árabes por terem sidos deixados de lado no plano divino em todo território árabe as tribos se enfrentavam em guerras de vingança e contravingança, para muitos aos olhos dos outros povos, os árabes eram um povo perdido e que nunca fariam parte de um mundo “civilizado”, ou seja, um povo esquecido por Deus.


MAOMÉ E A REVELAÇÃO.
Muhammad ibd Abdallah, ou simplesmente Maomé, nasceu por volta do ano de 570 na cidade de Meca, uma aldeia da Arábia ocidental, sua família pertencia à tribo dos Coraixitas, mesmo sua família não pertencendo à parte mais poderosa do local, os Coraixitas eram mercadores e mantinham acordos com outras tribos pastoris ao redor de Meca, e mantinham relações com a Síria, e mantinham ligações com o santuário da aldeia, A Caaba onde se guardavam as imagens dos deuses locais, sendo assim Maomé era comerciante e ao casar-se com Cadija, uma viúva comerciante passou também a cuidar dos negócios de sua esposa. Foi durante o mês do Ramadã, em 610 D.C, Maomé então com 40 anos de idade, costumava se retirar para uma caverna no monte no alto do monte Hira, bem nos arredores de Meca, lá ele praticava o jejum e dava esmola aos pobres neste local ele permaneceria por 30 dias, já algum tempo, ele vinha meditando a respeito do enriquecimento de sua tribo, a Quraysh, junto ao comercio com os países vizinhos, apesar de Meca ter se tornado uma rica cidade mercantil, a corrida agressiva em busca de riqueza, fazia com que alguns antigos valores tribais tenham se perdido e estes já não seguiam o código dos nômades, como cuidar dos membros mais fracos da tribo, por exemplo, os Coraixitas estavam mais preocupados em ganhar mais riquezas, mesmo à custa dos clãs mais pobres. Porem na décima sétima noite do ramadã quando no interior da caverna daquela montanha no monte Hira, Maomé foi acordado por uma voz que disse, “Recita!” (Iqra!), e por três vezes o anjo “Gabriel” em forma humana insistiu e com seu corpo tomado por um estado êxtase e tremores diante da presença divina que logo o tomou nos braços e após esse momento o anjo lhe ordenou “recita!” e na terceira vez Maomé perguntou: o que recitarei? Então a voz respondeu: “Recita em nome do teu senhor que criou todas as coisas, criou o homem a partir de coágulos de sangue. Recita, pois teu senhor é o mais generoso, que ensinou com a pena, que ensinou ao homem o que ele não sabia”. Essas são as palavras que formam os quatro versículos (ayat) do capitulo 96 (suras) do Corão, pela primeira vez Deus havia falado em solo Árabe.



O INÍCIO DA PREGAÇÃO E AS CONVERSÕES.
E por dois anos Maomé aguardou e não revelou sua experiência, porém continuou recebendo novas revelações, todavia só confiava na sua esposa Khadija e no primo dela, Waraqa ibn Nawfal, um cristão, os dois acreditavam que estas revelações vinham de Deus. Quando Maomé se sentiu confiante a pregar, logo começou a arregimentar seguidores, entre eles seu primo Ali ibin Abi Talib, seu amigo Abu Bakr, e o jovem mercador da poderosa família Omíada Uthman ibn Affan, um numero expressivo de mulheres, vinham dos clãs mais pobres insatisfeitos com a desigualdade crescente em Meca. Vale ressaltar que a mensagem de Maomé era simples, ele não ensinava aos árabes nada de novo sobre Deus: a maioria dos Coraixitas acreditava que Alá criara o mundo e julgaria os homens nos últimos dias, como acreditavam judeus e cristãos, tão pouco acreditava que estava fundando uma nova religião, para Maomé ele apenas estava levando a palavra do Deus único ao povo Árabe, que nunca tivera um profeta, em suas pregações enfatizava que, era errado construir uma fortuna particular, mas era bom partilhar a riqueza para criar uma sociedade mais justa, em que fracos e vulneráveis fossem tratados com respeito. Pregava que se os Coraixitas não se corrigissem sua sociedade injusta desmoronaria. Esse era o centro do ensinamento da nova escritura sagrada, chamada de Corão (quran: recitação) como a maioria era formada por analfabetos (incluindo o próprio Maomé) os ensinamentos eram assimilados por ouvir as leituras públicas, o corão foi revelado a Maomé verso por verso (surah) durante 21 anos e a beleza de se ouvir recitar o corão acabou por criar uma nova forma literária e poética árabe, muitos se converteram através da beleza de tal poesia, “quando ouvi o Corão, meu coração se enterneceu e eu chorei, e o Islã entrou em mim” disse Umar ibn al-Khattrab um opositor convertido.
O ISLÃ. Enfim surge uma nova seita, e seria chama de Islã (islam: submeter-se) e muçulmano (muslin) seria todo homem ou mulher que submeteu sua vida a Alá e ao pedido deste agisse com o próximo com justiça, equidade e compaixão. Nas preces rituais se praticava a atitude de prostração (salat) três vezes ao dia, mais tarde esse numero subiria para cinco. Esse ato feria a tradição da velha ética tribal que via nesta atitude um ato repugnante, afinal, só escravos deveriam se prostar ao chão, mas era justamente o ato de se prostrar que tinha como fim na postura corporal reeducar o muçulmano fazendo com que este simples ato combate-se a arrogância dura e a insolência que crescia em Meca. O Corão exigia também que os muçulmanos dessem regularmente parte de sua renda aos pobres, sobre forma de esmolas (zakat). Deveriam jejuar no Ramadã, portanto a justiça social era um fator crucial para os muçulmanos que tinham na ummah (comunidade) uma espécie de termômetro, se o a comunidade fosse bem isso significava que os muçulmanos estavam agindo de acordo com a vontade de Alá, quando não…
HÉGIRA. Maomé adquiriu um pequeno séquito, cerca de setenta famílias, no começo isso não incomodou os poderosos de Meca, mais isso mudaria a partir de 616 quando se inicia uma espécie de perseguição a Maomé e até se proíbe que se faça comércio com as tribos convertidas ao Islã, à medida que o islã crescia e seus ensinamentos se difundiam ficava mais claras as diferenças com as crenças aceitas, atacava-se os ídolos e as cerimônias relacionadas aos cultos pagãos. Ele explicitamente se alinhava a linha dos profetas de tradição judaico-cristã. mas o que mais incomodava os poderosos de Meca,era o fato do Corão pregar que a riqueza não daria salvo-conduto aos nobres pois, estes não cuidaram dos pobres, e isso ia contra a fome crescente por riqueza que assolava Meca. Deste modo, por fim ficou insustentável a permanência do profeta e seus seguidores em Meca, e em 622 ele deixa Meca e parte para um pequeno Oasis a cerca de trezentos quilômetros ao norte Yatrib que seria no futuro conhecido como Medina. Essa mudança de Meca para Medina serviria para as gerações posteriores como data do inicio da era muçulmana e é conhecida como Hégira, não com uma conotação negativa de fuga, mas como uma viagem em busca de proteção, e nos séculos seguintes seria usada para significar o abandono de uma sociedade pagã ou má para outra que seguia a doutrina moral do Islã.
MEDINA, JUDEUS E O RETORNO A MECA.
Foi em Medina que se desenvolveu um fortalecimento das forças muçulmanas, que na decorrência da busca por alimentos e provisões, viu nos saques as caravanas que negociavam com Meca um modo de simples de redistribuir recursos numa terra que simplesmente não tinha o suficiente para todos. Em 624 Maomé conduziu um grande bando de migrantes para interceptar a maior caravana vinda de Meca, porem os Coraixitas haviam preparado um grande exercito para escoltar a caravana e após uma batalha sangrenta mesmo em numero muito menor a força muçulmana venceu, com o mérito devido a Maomé que não só liderou a batalha, mas também havia treinado seu grupo, essa vitória foi de suma importância para o orgulho da nova comunidade, porem em 625  Meca desfere uma ofensiva vitoria sobre Medina na batalha de Uhud. Enquanto isso as tribos de judias que já habitavam em Medina, em especial as mais fortes e importantes, não viam com bons olhos a chegada de Maomé e não viam nele um profeta, e apontavam às diferenças daquele que se julgava um profeta do mesmo Deus judaico, era costume também os judeus se pegarem aos risos e galhofas quando Maomé recitava as estórias de Moisés ou Abraão, essas três tribos formaram um bloco poderoso que mais tarde iria se juntar aos Coraixitas de Meca contra os muçulmanos. Mas em 627, Maomé daria o troco na batalha do Fosso, o líder utilizou de uma tática inteligente e venceu o exercito de Meca que era maior numericamente em uma proporção de quatro mecanos para um muçulmano e ainda contava com as tribos judaicas que eram contrárias a Maomé. Somando essa vitória ao seu cartel Maomé passou a ser cada vez mais respeitado e a quantidade de tribos que se juntavam ao seu lado o fez criar uma confederação tribal que jurou não se atacar mutuamente e a lutar contra os inimigos uns dos outros.
CIDADE DE MECA



Em março de 628 ele teve uma ousada e criativa iniciativa que daria fim ao conflito entre ao conflito. Ele anunciou que iria fazer uma peregrinação a Meca e pediu voluntários para acompanha-lo, ele reuniu cerca de mil muçulmanos que usando o a tradicional túnica branca dirigiram-se a Meca, mais uma vez a astucia de Maomé iria vencer a força de Meca, pois se os Coraixitas atacassem árabes desarmados que seguiam para se aproximar da Caaba, eles trairiam o dever sagrado de guardiões do santuário, e após uma emboscada armada no caminho dos peregrinos antes de chegar à cidade, com a ajuda dos Beduínos Maomé conseguiu driblar os coraixitas e de forma pacífica acampar nos limites do santuário, o que levaria os Coraixitas a aceitarem um tratado com a comunidade muçulmana. Esse fato acabou por deixar os Beduínos impressionados com o profeta e muitos se converteram. Porem os Coraixitas quebrabraram o tratado de paz atacando tribos protegidas pela ummah, Maomé marchou sobre Meca com um exercito de dês mil homens, os Coraixitas diante de tal poder não viram alternativa e abriram os portões da cidade e Maomé entrou sem derramar uma gota de sangue, ele destruiu os ídolos à volta da Caaba, e consagrou-a a Alá, Deus único, dando assim um significado islâmico aos ritos pagão do haji ligando-os à história de Abraão, Agar e Ismael, levando ao fim um ciclo de guerra tribal de vendeta e contra- vendeta entre as tribos que agora participavam deu ma única comunidade, Maomé, tinha conseguido levar a paz a  Arábia destruída por guerras seculares.

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