Prof.° Elisonaldo Câmara

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Mossoró/Guamaré / Pedro Avelino, Rio Grande do Norte, Brazil
Graduado em História pela UERN, Especialista em Geo-História, professor do município de Guamaré e do Estado do Rio Grande do Norte.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

As pandemias na História.


  Na história do mundo, doenças causadas por seres invisíveis como os vírus e bactérias não são novidade. Estamos passando por um surto de Covid-19, causado pelo Coronavírus, que começou na China e hoje, num mundo tão globalizado, chegou aos quatro cantos numa rapidez jamais vista. Vivemos em um tempo em que a medicina está muito avançada e mesmo assim milhares de pessoas estão morrendo todos os dias. Mas você imagina como seria uma doença dessas em uma época que nem imaginavam que existiam esses seres tão pequenos, invisíveis a olho nu, que os medicamentos eram alguns chás e infusões e orações pedindo a Deus que intercedesse por seus familiares? Abaixo, vamos falar um pouco sobre três dessas epidemias.
A Gripe espanhola.
“Parece filme de terror. Cadáveres jazem nas ruas, atraindo urubus. Os raros passantes andam a passos ligeiros. Carroças surgem de tempos em tempos para, sem cuidado ou deferência, recolher os corpos, que seguem em pilhas para o cemitério. — Por toda parte, o pânico, o horror! — Exclama o deputado Sólon de Lucena. Como os coveiros, em grande parte, estão acamados ou morreram, a polícia sai às ruas capturando os homens mais robustos, que são forçados a abrir covas e sepultar os cadáveres. Os mortos são tantos que não há caixões suficientes e os corpos são despejados em valas coletivas. — Esse flagelo zomba da fortaleza física do homem e deixa como rastro um número extraordinário de mortos e um exército de combalidos entregues à fraqueza, ao depauperamento, à quase invalidez — diz o senador Jeronymo Monteiro (ES) ”. O filme de terror da vida real teve início há pouco mais de 100 anos, quando a gripe espanhola invadiu o país. Uma violenta mutação do vírus da gripe veio a bordo do navio Demerara, procedente da Europa.
 Em setembro de 1918, sem saber que trazia o vírus, o transatlântico desembarcou passageiros infectados no Recife, em Salvador e no Rio. No mês seguinte, o país todo está submerso naquela que até hoje é a mais devastadora epidemia do século XX. Fonte: Agência Senado Em Belo Horizonte, como tinha poucos hospitais (Praticamente a Santa Casa), diversos lugares, como a sede da Ordem dos Advogados do Brasil teve que se transformar em hospital de campanha para atender os doentes. Até mesmo o Presidente da República contraiu a doença e não conseguiu assumir o seu segundo mandato. Todas as classes sociais sofreram com a doença que matou 50 milhões de pessoas no mundo e é causada pelo vírus influenza, o mesmo que hoje tomamos a vacina todos os anos. Assista ao vídeo: 
Peste de Atenas, ou praga de Atenas.
 Foi no período de esplendor da Grécia antiga, a chamada Era de Ouro de Atenas (429 a.C), que uma epidemia fez tremer a população. Péricles, líder militar e maior personalidade do seu tempo, estava preparado para vencer qualquer guerra, menos um inimigo invisível, letal e altamente destrutivo. Atenienses e espartanos estavam em plena Guerra do Peloponeso quando esse inimigo invisível destruiu a vida da população de Atenas. “ (…) Os curadores nada podiam fazer, pois desconheciam a natureza da enfermidade e, além disso, foram os pioneiros no contato com os doentes e morreram em primeiro lugar. O conhecimento humano mostrou-se incapaz. Em vão se elevavam orações nos templos e se dirigiam preces aos oráculos. ” Diz um escrito do historiador grego Tucídides.
 A epidemia originou-se na Etiópia, África, alcançando a Grécia e rapidamente espalhou-se pela população de Atenas. Essa praga vem sendo estudada durante décadas pelos principais centros de epidemiologia e já se suspeitou de peste bubônica, varíola, tifo transmitido por piolhos (comum em épocas de guerra devido aos aglomerados humanos em lugares de péssima higiene) e até de surto de infecção pelo vírus Ebola. Em janeiro de 2006, pesquisadores da Universidade de Atenas analisaram dentes recuperados de uma sepultura coletiva debaixo da cidade e confirmaram a presença de bactérias da febre tifoide. Ela matou cerca de 5 mil pessoas na Grécia antiga. 
A peste negra (Ou peste bubônica).
Talvez foi a doença mais importante da História, não só pelas mortes, que podem ter exterminado boa parte da população da Eurásia, mas por ter marcado profundamente a ordem política, social e religiosa da época, visto que foi um dos fatores responsáveis pelo fim do sistema feudal e da decadência da Igreja Católica. A doença leva esse nome porque apareciam nódulos pelo corpo do doente de cor escura e mata rapidamente. Apesar de já ser conhecida desde o século VI, ela se agrava no século XIV, e é causada pela bactéria Yersinia pestis, transmitida ao ser humano através das pulgas (Xenopsylla cheopis) dos ratos-pretos (Rattus rattus) ou outros roedores. Mas, no mundo medieval, onde a Igreja não permitia o avanço da ciência, a medicina andava a passos lentos e a população não fazia ideia do que era um vírus ou uma bactéria. Acreditavam que as doenças eram castigos divinos, pragas enviadas por Deus por algum motivo. Acredita-se que a peste tenha surgido nas planícies áridas da Ásia Central (com os mongóis) e foi se espalhando principalmente pela rota da seda, ou seja, saindo principalmente da China, passando pelo norte da África, até chegar na Europa. Fala-se em 75 a 100 milhões de mortos, numa Europa que não tinha mais que 250 milhões de habitantes. Apesar de ter diminuído o contágio a partir do século XIX, até hoje a doença não foi totalmente eliminada, mas é possível curá-la através de antibióticos.
A peste negra tem diversos mistérios ao seu redor, histórias de castigos previstos na Bíblia, histórias de bruxarias, histórias de curas milagrosas e muito imaginário que nos faz ter curiosidade sobre esse tempo. Uma dessas histórias é que as mulheres, que na verdade tinham medo de ratos e por isso criavam gatos, seria considerada bruxas e a Igreja mandou caça-las e matar os seus gatos (que era considerado um animal demoníaco) fazendo com que a população de felinos diminuísse e a de ratos proliferasse, aumentando a epidemia. Outro fator que contribuiu para o aumento da doença eram as más condições de higiene da Europa. As pessoas faziam suas necessidades em pequenas tigelas e jogavam pela janela, não tomavam banho, não havia xampu, pastas de dente, nem desodorante! As casas eram fétidas, com alimentos expostos que podiam apodrecer (não tinha geladeira) e chamavam a atenção de vários animais.
No século XVII, quando a medicina já era possível, os “médicos” da época, usavam máscaras com bicos de pato, pois assim, poderiam colocar uma mistura de ervas ali que dificultavam a respiração da bactéria, o que não era muito eficaz. Mas a roupa, uma capa longa por cima de tudo, ajudava a evitar que a pulga do rato.

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