No
período do Estado Novo, Getúlio Vargas orientou o DIP - Departamento de
Imprensa e Propaganda, a “convencer” os compositores a valorizarem o trabalho
em suas canções. O objetivo era enaltecer a figura do trabalhador empenhado no
desenvolvimento do país, uma marca ostentada pelo governo.
Dentro
desta premissa, compositores famosos foram, muitas vezes, instados pela censura
a não abordarem temas que, na visão do poder, fizessem apologia a malandragem e
a boêmia. Um dos casos mais famosos envolveu dois grandes compositores da
história da MPB: Wilson Batista e Ataulfo Alves, parceiros, no início dos anos
40, no samba "O Bonde de São Januário", um sucesso na voz de Ciro
Monteiro. Na versão original, a música dizia:
É quem tem
razão
Eu digo
E não tenho
medo
De errar
Quem trabalha...
O Bonde São
Januário
Leva mais um
operário
Sou eu
Que vou trabalhar
O Bonde São Januário...
Antigamente
Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhor
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
Passe bem!

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