Prof.° Elisonaldo Câmara

Minha foto
Mossoró/Guamaré / Pedro Avelino, Rio Grande do Norte, Brazil
Graduado em História pela UERN, Especialista em Geo-História, professor do município de Guamaré e do Estado do Rio Grande do Norte.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ford na Amazônia

Diante do aumento do preço do látex no início do século XX, o magnata da indústria automobilística decidiu criar sua própria fábrica de borracha no coração da floresta tropical brasileira. Nascia, assim, a Fordlândia.




Quando chega a noite, começam os ruídos e cantos de pássaros. Entre uma grande cisterna e uma pitoresca igreja de paredes brancas, a minúscula cidade de Fordlândia está mergulhada no nada. Seu único porto está deserto, com apenas dois barcos a motor amarrados. Um imponente hangar metálico, envolvido por cipós, recebe os improváveis visitantes vindos em lanchas. As três principais avenidas, de terra, são margeadas por casas de madeira, telha metálica e tijolo. A luz de alguns lampadários rasga a escuridão, criando reflexos em duas ou três motos. “É raro ver estrangeiros por aqui. Os últimos foram jornalistas britânicos que se aventuraram a contar a história do projeto do sr. Ford”, conta Luís, proprietário de uma das duas pousadas da região. “Como você pode ver, a Fordlândia é uma cidade fantasma. Não tem restaurante, não tem hotel, muito menos lojas de suvenires. Bem-vindo ao fim do mundo”, brinca. As acomodações se resumem a um quarto sóbrio, com duas camas de solteiro, e um banheiro sumário. E o barulho da floresta lá fora.
Nos anos 1920, o insano projeto de criar uma unidade de produção de borracha na Amazônia começou a germinar na cabeça de Henry Ford (1863-1947), o inventor da linha de montagem na indústria automobilística. Naquela época, o mercado do látex estava sob domínio dos ingleses, proprietários de gigantescas produções de seringueiras no sudeste da Ásia. O magnata americano dos automóveis, obrigado a desembolsar altas somas para conseguir a matéria-prima para a fabricação de seus pneus, decidiu acabar com o monopólio britânico. Ainda mais porque estava a ponto de lançar um novo modelo de carro, o Modelo A, substituto do lendário Modelo T – o que provavelmente aumentaria sua demanda por borracha.
Em um salão organizado no dia 9 de janeiro de 1928, em Nova York, o empreendedor confirmou o boato: sim, ele adquirira terras na Amazônia, às margens do rio Tapajós. E, sim, a Ford Motor Company cultivaria a Hevea brasiliensis nessa área de mais de 10 mil km2, quase tão extensa quanto Connecticut ou a ilha de Chipre. Uma cidade seria construída para receber os executivos americanos e os seringueiros, contratados durante a colheita da seiva e recrutados no local. Uma loucura? Não, parecia mais um braço de ferro com a natureza.Fonte: História Viva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Envie suas dúvidas para o professor Elisonaldo

Nome

E-mail *

Mensagem *