Prof.° Elisonaldo Câmara

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Mossoró/Guamaré / Pedro Avelino, Rio Grande do Norte, Brazil
Graduado em História pela UERN, Especialista em Geo-História, professor do município de Guamaré e do Estado do Rio Grande do Norte.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Império Romano não acabou em 476

Em entrevista exclusiva, o professor Chris Wickham, da Universidade de Oxford, apresenta uma nova interpretação da passagem da Antiguidade clássica para a Idade Média.
O professor Chris Wickham, do Departamento de História da Universidade de Oxford, é hoje um dos mais respeitados estudiosos da chamada Antiguidade Tardia, período que marca a passagem da Era Clássica para a Idade Média. E determinar as diferenças entre esses dois mundos é a grande questão que orienta suas pesquisas. Em 2005, ele apresentou o resultado de suas investigações em um livro que causou grande impacto entre os especialistas da área: Framing the Early Middle Ages: Europe and the Mediterranean, 400-800 (Enquadrando a Alta Idade Média: A Europa e o Mediterrâneo, 400-800, inédito no Brasil). Na obra, Wickham analisa as diferentes transformações pelas quais as várias províncias do Império Romano passaram entre os anos 400 e 800 para buscar novas respostas para uma velha pergunta que os historiadores se fazem desde o século XVIII: quando termina a Antiguidade clássica e quando começa a Idade Média. Ao comparar a estrutura socioeconômica, o sistema de arrecadação de impostos e as formas de governo que vigoraram na Europa e no Mediterrâneo ao longo de quatro séculos, ele chega a uma conclusão que questiona a periodização apresentada pela maioria dos livros didáticos: segundo ele, o Império Romano não acabou em 476.
A maioria dos livros didáticos apresenta o ano de 476 como um marco para o fim da Antiguidade e o início da Idade Média. O senhor concorda com essa periodização?
CHRIS WICKHAM – Não, eu discordo por dois motivos. Em primeiro lugar, porque o ano de 476 é a data da queda do último soberano do Ocidente, mas o Império Romano continuou a existir, sem ruptura. A única diferença é que sua capital passou a ser Constantinopla. No século VI, os imperadores romanos do Oriente continuavam a governar em um estilo muito parecido com o de Constantino no século IV ou mesmo dos imperadores pré-cristãos. Um imperador como Justiniano, que governou entre 527 e 565, tinha basicamente o mesmo estilo de seus antecessores dos cinco séculos anteriores. Além disso, ele governou pelo menos metade do antigo Império Romano do Ocidente, porque reconquistou regiões como a Itália, o norte da África e o sul da Espanha. Em segundo lugar, não há dúvida de que o fim do século V assistiu à substituição do poder romano nas províncias ocidentais pelo de reis que comandavam exércitos formados por grupos germânicos vindos de fora do império. No entanto, mesmo não se autodenominando romanos, muitos desses monarcas continuaram a governar ao estilo romano. A mudança para uma forma diferente, que poderia ser chamada de “medieval”, foi um processo muito mais lento do que os historiadores por muito tempo pensaram e não aconteceu em um ano, uma década ou mesmo um século. Eu vejo uma lenta mudança nas províncias do Ocidente, que vai de 450 a 600, aproximadamente. A partir de então, todo o mundo europeu pode ser chamado tranquilamente de “medieval”, com exceção das regiões que permaneceram sob o controle direto do Império Romano do Oriente. In: História Viva.






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