A Bandeira Branca, nem sempre significa rendição,mas as vezes apenas trégua. A ideia da bandeira branca surgiu no século I, no Império Romano. De Roma,seu uso passou para o resto do mundo. Durante a época medieval, a cor branca indicava que alguém não estava no combate. Mensageiros andavam de branco e prisioneiros usavam uma espécie de documento com uma marca branca para indicar que estavam neutralizados. Em 1502, o simbolismo do branco chegou a Índia: o príncipe de Calicute usou uma bandeira branca para se render ao navegador Vasco da Gama. O símbolo do branco como referencia da paz foi regulamentada pelas convenções de Genebra, ela indica que o portador está desarmado e quer negociar. usa- lá falsamente,para atrair as tropas inimigas para uma emboscada, é considerado crime de guerra.
Prof.° Elisonaldo Câmara
- História em Foco
- Mossoró/Guamaré / Pedro Avelino, Rio Grande do Norte, Brazil
- Graduado em História pela UERN, Especialista em Geo-História, professor do município de Guamaré e do Estado do Rio Grande do Norte.
sábado, 30 de abril de 2016
quinta-feira, 21 de abril de 2016
Tiradentes: a construção de um herói republicano.
Dia 21 de abril é mais conhecido como o dia da
morte de Tiradentes, um importante herói republicano que foi enforcado em 1792,
cujo feriado é atribuído em sua homenagem. Mas quais foram às razões da adoção
de Tiradentes como herói republicano?Antes de respondermos essa pergunta é
preciso ter em mente qual o significado de um herói. Heróis são símbolos de identificação
coletiva, ou seja, são aquelas pessoas reconhecidas através de seus feitos, por
um país ou região, ocorrendo, entre eles, uma identificação. É possível pensar
em uma nação que não tenha heróis? Já adianto a resposta dizendo que não, pois
os heróis são fortes instrumentos para atingir a cabeça e o coração dos
cidadãos em prol da legitimação de um regime político, assim, não há nação sem
o seu respectivo herói. Existem dois tipos de herói: aqueles que surgem
espontaneamente das lutas realizadas e aqueles de menor impacto popular e que,
portanto, tiveram um empurrãozinho para a promoção da figura. É nesse
último perfil que se encaixa o nosso herói Tiradentes.
Pouco se sabe sobre a memória de
Tiradentes, pois a documentação é escassa. Sobre o dia do seu enforcamento
existem dois relatos que apontam a multidão presente em compaixão com o réu
prestes a morrer. O sentimento de que a pena fora excessiva e injusta se
alastrou pelas cidades vizinhas de Vila Rica. Além disso, a
literatura brasileira contribuiu também para divulgar o acontecimento. O
primeiro conflito político envolvendo a memória de Tiradentes ocorreu em 1862.
Nesta data o governo queria inaugurar no local onde fora enforcado Tiradentes,
uma estátua de D. Pedro I, que o condenara à morte. Na ocasião houve
manifestação dos liberais com a publicação de um folheto dizendo que Tiradentes
foi o primeiro mártir que morreu pela pátria e que foi
responsável por levar o povo brasileiro à “salvação”. Outro episódio que
contribuiu para a construção da imagem de Tiradentes foi o que se sucedeu à
publicação da obra de Joaquim Norberto de Souza Silva, História da
Conjuração Mineira. Norberto teve acesso a documentos nunca antes
estudados sobre a Inconfidência e apontou Tiradentes como
figura secundária no movimento. Essa revelação inquietou as pessoas,
principalmente os republicanos que chamaram Norberto de monarquista convicto.Independente
da sua posição política o que mais causou irritação foi ele ter discorrido
sobre as transformações na personalidade e no comportamento de Tiradentes
durante o tempo em que este ficou preso. Segundo Norberto, o isolamento, os
repetidos interrogatórios e a ação dos frades franciscanos fizeram com que o
seu ardor patriótico se transformasse em altar de sacrifício. Os republicanos
protestaram, pois negavam a idéia de que Tiradentes beijara as mãos e os pés do
carrasco, que havia caminhado até a forca com um crucifixo no peito, ou seja,
negavam a idéia de que Tiradentes tivesse perdido o seu impulso e rebeldia
patriótica. Porém, diminuir a sua importância dentro do movimento inconfidente
era aumentar a participação de Tomás Antônio Gonzaga,
representante da elite brasileira. Logo o apelo popular de Gonzaga não era de
mesmo impacto que o de Tiradentes e, portanto, estava longe de representar a
nação.A partir da publicação de Norberto, intensificaram-se as alusões de Tiradentes
com Cristo. Ter sido traído e morto por lutar pela
salvação do povo/pátria foram características presentes na vida dessas duas
figuras. A partir daí as representações imagéticas foram cada vez mais se
assemelhando.
Dessa forma, Tiradentes estava cada vez mais presente
no imaginário dos brasileiros, e aos poucos todos iam se identificando com esse
homem. Começaram a ligar Tiradentes às principais transformações pelas quais
passava o país: a Independência, a Abolição e
a República. A sua aceitação veio, assim, acompanhada de sua
transformação em herói nacional, mais do que em herói republicano. Ele unia
o país através do espaço, do tempo e das classes. Para isso, sua
imagem precisava ser idealizada e a falta de documentos contribuiu para que
esse processo fosse tranquilo. Aos poucos todos os regimes e movimentos
políticos se apropriaram de alguma forma da imagem de Tiradentes. O governo
republicano declarou o dia 21 de abril feriado nacional e, em 1926,
construíram a estátua em frente ao prédio da Câmara. O governo militar
em 1965 o declarou patrono cívico da nação brasileira e mandou colocar retratos
seus em todas as repartições públicas. Durante o Estado Novo
foram representadas peças teatrais, com apoio oficial, exaltando o herói. Nessa
época também houve uma tentativa em modificar a representação tradicional. Como
podemos perceber, desde o enforcamento de Tiradentes, a sua imagem e a sua
história foram sendo recontadas por diferentes grupos. Os republicanos foram
aqueles que mais se apropriaram e incorporaram no seu discurso a importância de
Tiradentes na história brasileira, apontando-o como o principal responsável
pela “salvação” do povo, para que nem ele e nem a república fossem esquecidos.
Fonte:Texto baseado no livro de CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas:
o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras,
1990.
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