Prof.° Elisonaldo Câmara

Minha foto
Mossoró/Guamaré / Pedro Avelino, Rio Grande do Norte, Brazil
Graduado em História pela UERN, Especialista em Geo-História, professor do município de Guamaré e do Estado do Rio Grande do Norte.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

A divisão da História.

 


Toda vez que abrimos um livro de História ou começamos um assunto novo na História, nos deparamos com a divisão dos tempos históricos. Em resumo, são cinco os períodos que os livros e professores nos apresentam: Pré-História, Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e a Idade Contemporânea. Antes de pensarmos um pouquinho mais sobre essa divisão, vamos citar brevemente quais os fatos centrais e características que cada um desses períodos apresenta.

A Pré-História começa no aparecimento dos primeiros seres humanos na Terra, até 4000 anos antes de Cristo, quando temos a invenção da escrita. Nesse tempo, observamos intensamente a relação dos homens com a natureza, a realização das primeiras invenções, a criação de ferramentas e outros aparatos que viabilizaram a vida humana na Terra e, mais tarde, possibilitaram o surgimento das primeiras comunidades humanas.

Chegando à Antiguidade, que vai de 4000 antes de Cristo até o ano de 476 depois de Cristo, observamos a formação de uma série de civilizações. Egípcios, sumérios, mesopotâmios, gregos e romanos são os povos estudados com maior frequência. Apesar da enorme distância temporal em relação aos dias de hoje, podemos ver na Antiguidade a concepção de várias práticas, valores e tecnologias que ainda têm importância para diversos povos de agora.

Situada entre os anos de 476 e 1453, a Idade Média compreende um período de aproximadamente mil anos. Na parte ocidental do mundo, costumamos olhar atentamente para a Europa Ocidental. Esse lugar foi tomado pelos valores da religião cristã, que se torna uma das mais importantes crenças de todo o planeta. Mesmo tendo muito poder e autoridade, a Igreja não tinha poder absoluto nesses tempos. As artes, a literatura e a filosofia tiveram um espaço muito rico e interessante nessa época da história.

A Idade Moderna fica datada entre os anos de 1453 e 1789. Nesse tempo, diversas nações europeias passam a encontrar, dominar e explorar várias regiões da América e da África. A tecnologia desenvolvida nesse tempo permitiu reduzir distâncias e mostrar ao homem europeu que o mundo era bem maior do que ele imaginava. As monarquias chegaram ao seu auge e também encararam sua queda nesse mesmo período. Com a Revolução Francesa, ocorrida em 1789, novos padrões políticos apareceram.

A Idade Contemporânea, que vai de 1789 até os dias de hoje, é um período histórico bastante curto, mas ainda assim marcado por muitos acontecimentos. As distâncias e relações humanas, em parte graças à Revolução Industrial desenvolvida no século XVIII, se tornam ainda menores. O desenvolvimento do sistema capitalista permite a exploração de outras parcelas do mundo e motiva terríveis guerras. Chegando ao século XX, a grande renovação das tecnologias permite que pessoas, nações e ideias se relacionem de uma forma nunca antes vista.

Percebendo essas divisões do tempo, você pôde notar que existem períodos históricos que são mais longos e outros que são bem mais curtos. Dessa forma, vemos que a divisão da História não obedece ao tempo cronológico, no qual um dia sempre terá vinte quatro horas, uma hora sempre terá sessenta minutos e um minuto possuirá sessenta segundos. Desse modo, aparece uma questão: o que determina o início e o final dessas tais divisões que a história tem?

É nesse momento que entra em ação os historiadores, que pensam as experiências e transformações sofridas pelos homens ao longo do tempo. De acordo com as transformações consideradas mais importantes e significativas, com o passar do tempo, abre-se a possibilidade de discutir se um período histórico se encerra e um novo se inicia. Em termos práticos, a divisão ajuda a definir quais os eventos têm maior proximidade entre si.

Mas é importante tomar um grande cuidado com a divisão da História. O começo e o fim de um determinado período não significam que o mundo se transformou completamente na passagem de um período para o outro. Muitos dos valores de uma época se conservam em outros períodos e se mostram vivos no nosso cotidiano. Sendo assim, as divisões são referenciais que facilitam nosso estudo do passado, mas não ditam quando a cabeça dos homens exatamente mudou.

 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

REVOLTAS SOCIAIS DA REPÚBLICA VELHA.

 


Fonte da foto: História Pensante.

Durante muito tempo, a história tradicional fez vista grossa para a opressão e a miséria que vitimava o povo. Quando ficou impossível ocultar a exploração, criaram mentiras sobre o caráter brasileiro. Mentira segundo a qual somos tontos e conformados com a vida subdesenvolvida que levamos. Mas as revoltas político-sociais mostravam claramente que não somos tão pacíficos e cordeiros como a velha história quer mostrar.

 A Revolta de Canudos (1893 – 1897).

No governo de Prudente de Morais eclodiu um grande movimento de revolta social entre os humildes sertanejos baianos. O líder dos sertanejos era Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro. Esse homem, senhor de fervorosa religiosidade, foi considerado missionário de Deus pela vasta legião de sertanejos que, desiludidos das autoridades constituídas escutavam suas pregações político – religiosas. Não compreendendo certas mudanças surgidas com a republica, Antônio Conselheiro declarava-se , por exemplo , contra o casamento civil e por isso foi identificado como um fanático religioso e monarquista. Revoltas Messiânicas, A fé popular e a luta contra a opressão. O termo messianismo é usado para designar os movimentos sociais em que milhares de sertanejos fundaram importantes comunidades comandadas por um líder religioso e a ele era atribuído qualidades como o dom de fazer milagres, realizar curas e profetizar acontecimentos. O messianismo desenvolveu-se em áreas rurais pobres que reagiram a miséria. Seus componentes Básicos eram: a religiosidade do sertanejo e seu sentimento de revolta contra a miséria, a opressão e as injustiças das republicas dos coronéis.

A Luta Possível.

Muita coisa divulgou-se sobre Antônio Conselheiro e sua gente, diziam que eram loucos monar- quistas e comunistas. Durante muito tempo esconderam a verdade e o motivo que unia os sertanejos em canudos: a vontade de escapar da fome e da violência do sertão. Conseguindo reunir um grande número de seguidores, Antônio Conselheiro estabeleceu em canudos, um velho arraial no sertão baiano. Em pouco tempo canudos era uma das cidades mais povoadas da Bahia.

Eles viviam num sistema comunitário, em que as colheitas, rebanhos e os frutos eram repartidos entre todos. Ninguém possuía nenhuma propriedade, pois os únicos bens era a roupa, moveis etc. Com isso fazendeiros começaram a temer o poder de Antônio Conselheiro e exigiram do governo estadual que acabasse com o arraial de Canudos. Nisso travou-se grandes batalhas até que um dia, organizou-se um exército de 7 mil homens , que destruiu Canudos completamente e toda população sertaneja morreu defendendo sua comunidade.

Cangaço: Revolta e Violência no Nordeste.

O cangaço foi um movimento caracterizado como banditismo social que vigorou entre as últimas décadas do século XIX e a primeira metade do século XX pelas áreas do sertão nordestino brasileiro. A figura do cangaceiro é caracterizada pelo sertanejo sempre em trânsito, com vida seminômade, vivendo em bando e vestindo roupas de couro curtido, armado com rifles, facas (peixeiras) e punhais. Esse tipo de sertanejo carregava consigo as tralhas de que necessitava todas afiveladas em seu tronco. Por isso, o nome “cangaço”, atribuído a essa forma de levar pertences e mantimentos. Para alguns pesquisadores, ele foi uma forma pura e simples de banditismo e criminalidade. Para outros foi uma forma de banditismo social, isto é, uma forma de revolta reconhecida como algo legítimo pelas pessoas que vivem em condições semelhantes. Motivos para o acontecimento do cangaço:

Miséria, fome, seca e injustiças dos coronéis-fazendeiros produziram no semiárido do Nordeste um cenário favorável à formatação de grupos armados conhecidos como cangaceiros. Os cangaceiros praticavam crimes, assaltavam fazendas e matavam pessoas. Os dois mais importantes bandos do cangaço foi o de Antônio Silvino e o de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o “Rei do Cangaço”. Depois que a polícia massacrou o “bando de Lampião”, em 1938, o cangaço praticamente desapareceu do Nordeste.

A Guerra do Contestado (1912 – 1916).

Além de canudos, outro grande movimento messiânico ocorreu na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina. Nessa região era muito grande o número de sertanejos sem – terra e famintos que viviam sob dura exploração dos fazendeiros e duas empresas norte-americanas que ali atuavam. Os sertanejos do Contestados se organizaram e era liderado por João Maria, Logo após sua morte outro monge, conhecido como José Maria (seu nome verdadeiro era Miguel Lucema Boa Ventura ).José Maria reuniu mais de 20 mil sertanejos e fundaram alguns povoados chamados “Monarquia Celeste” , como em Canudos , os sertanejos do Contestados foram violentamente perseguidos e expulsos das terras que ocupavam . Em novembro de 1912, o monge José Maria Foi morto e seus seguidores tentaram resistir e foram arrasados por tropas de 7 mil homens armados de canhões , metralhadoras e até aviões de combate.

A Revolta da Vacina ( 1904 )

             A fúria popular explode nas ruas do Rio de Janeiro. No Governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 – 1906), o Rio de Janeiro, capital da republica, já era uma cidade com graves problemas urbanos e sociais: pobreza, desemprego, lixo, muitos ratos e mosquitos transmissores de doenças. Muitas pessoas morriam em consequência de epidemias como febre amarela, peste bubônica e varíola. O governo decidiu modernizar a cidade e tomar medidas drásticas contra as epidemias, derrubou cortiços, casebres e a população dali foram expulsos, Depois disso, o Prefeito Pereira Passos iniciou as obras de modernização da cidade. Para combater as epidemias teve o conselho do sanitarista Osvaldo Cruz que organizou um exército de funcionários da saúde e começou a destruir focos de ratos e mosquitos.

        Osvaldo Cruz convenceu o presidente a decretar uma lei de vacinação obrigatória contra a varíola, o que gerou a revolta da população que diziam ser uma falta de vergonha as mulheres a se vacinar, pois achavam que as vacinas eram aplicadas nas partes intimas das mulheres. O resultado de tanta reação foi uma revolta popular que explodiu pelas ruas do Rio de Janeiro, que o governo conseguiu controlar com tropas do corpo de bombeiros e a cavalaria.

 

A Revolta da Chibata ( 1910 ),Os marinheiros sob o comando do Almirante Negro.

        No final do governo do presidente Nilo Peçanha, estourou uma revolta de 2 mil marujos da marinha brasileira liderada pelo marinheiro João Cândido. Primeiramente, os revoltosos tomaram o comando do navio Minas Gerais, matando na luta o comandante e três oficiais que resistiram. Depois, assumiram o controle dos navios São Paulo, Bahia e Deodoro em seguida apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro e enviaram um comunicado ao presidente explicando as razões da revolta. Queriam mudanças no código de disciplina da marinha, que punia as faltas graves com 25 Chibatadas. O governo cedeu e aprovou um projeto que acabava com as chibatadas e anistiava os revoltosos, mas o governo não cumpriu a promessa, esquecendo a anistia, decretou a expulsão de vários marinheiros e a prisão de alguns lidere. João Cândido foi preso, julgado e absolvido em 1912. Passou para a história como o Almirante Negro que acabou com as chibatadas na marinha do Brasil.

O Tenentismo A rebelião dos jovens militares.

        No inicio da década de 1920, crescia o descontentamento social contra o sistema oligárquico que dominava a política brasileira. Esse descontentamento partiu da população dos grandes centros urbanos, que não estava diretamente sujeitas às pressões dos “coronéis”. O clima de revolta atingiu as forças armadas, difundindo – se, sobretudo entre os tenentes. Surgiu então, o tenentismo, um movimento político – militar que pela luta armada, pretendia conquistar o poder e fazer reformas na sociedade. Os tenentes pregavam a moralização da administração publica o fim da corrupção eleitoral o fim do voto aberto e queriam uma reforma na educação, para que o ensino fosse para todos os brasileiros. Eles conseguiram a simpatia da classe média e do proletariado, mas não da classe operária, que para eles estabelecia a verdadeira posição entre exploradores e explorados.

A Revolta do Forte de Copacabana ( 1922 ).

            A primeira revolta tenentista eclodiu no dia 5 de julho de 1922 e foi liderada por 18 tenentes, que reunindo uma tropa de 300 homens, decidiram agir contra o governo e impedir a posse do presidente Artur Bernardes. Mas a revolta não teve êxito com uma tropa superior a deles o governo acabou ganhando a batalha e dessa luta apenas dois rebeldes escaparam com vida: Eduardo Gomes e Siqueira Campos.

A Revolta de ( 1924 ).

Fracassada a revolta do Forte de Copacabana, Artur Bernardes tomou posse da presidência. Teve porem que enfrentar, dois anos depois, uma nova revolta tenentista. A revolta liderada pelo General Isidoro Dias Lopes, Pelo tenente Juarez Távora e por políticos, como Nilo Peçanha, eclodiu em São Paulo, Também no dia 5 de Julho. Com uma tropa de aproximadamente 1000 Homens os revolucionários ocuparam lugares estratégicos da cidade de São Paulo. Durante a ocupação, diversas batalhas foram travadas entre os rebeldes e as tropas do governo.

            O governo paulista fugiu da capital, indo para outro lugar próximo, onde recebeu ajuda do Rio de Janeiro e preparou uma violenta ofensiva contra os rebeldes, percebendo que não tinha mais como resistir, o General Isidoro Dias Lopes, decidiu abandonar a cidade. Com uma numerosa e bem armada tropa, formou a Coluna Paulista, que tinha como objetivo continuar a luta contra o governo, levando a revolução para outros Estados do Brasil. A revolta do Forte de Copacabana, a Revolução de 1924, não produziram efeitos imediatos na estrutura política Brasileira, Contudo, conseguiram manter a chamada revolta contra o jugo das Oligarquias.

Fonte: Google\ adaptação Elisonaldo Câmara.

Envie suas dúvidas para o professor Elisonaldo

Nome

E-mail *

Mensagem *