A
história social da ciência testemunha a contribuição do desenvolvimento científico
para o progresso e bem-estar da humanidade. Inúmeras descobertas conduziram a
importantes avanços tecnológicos. Paradoxalmente, em alguns momentos da
história universal recente, o uso do conhecimento científico e tecnológico foi
responsável por grandes desastres e tragédias para a humanidade, entre os quais
se destaca o lançamento de bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki, em 1945.
Para
o sociólogo Sérgio Adorno, coordenador da Cátedra Unesco de Educação para a
Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância, há várias questões a considerar
sobre as consequências sociais do desenvolvimento científico e tecnológico: a
aplicação da ciência para fins militares; o impacto do avanço tecnocientífico
no meio ambiente; a distribuição dos benefícios resultantes do progresso
tecnocientífico; e a difusão da ciência como problema da educação para a paz,
direitos humanos e tolerância. [...]
O
século XX assistiu a um crescimento da violência em escala jamais vista
anteriormente, com duas guerras mundiais na primeira metade do século e uma
Guerra Fria na segunda metade com conflitos localizados, mas nem por isso menos
violentos. Adorno lembra que a produção de armas químicas e biológicas, bem
como de artefatos nucleares para fins bélicos, tem ocupado permanentemente
parcela considerável da comunidade científica internacional: "A ideia
positivista de que o desenvolvimento científico e tecnológico atua sempre no
sentido de uma solução benéfica para a humanidade tem sido contestada pelos
fatos".
Novos
problemas vêm aflorando graças ao grande avanço nas ciências biológicas nas
últimas décadas. As mesmas técnicas destinadas a promover a cura e a prevenção
de enfermidades e a produção abundante de alimentos poderiam ser utilizadas
para grandes prejuízos à humanidade. Adorno considera que as discussões
bioéticas concentram-se, sobretudo nas áreas de organismos geneticamente
modificados (OGM), da biossegurança (com problemática do bioterrorismo e
enfermidades emergentes, como a gripe aviária) e no uso de células-tronco
embrionárias para fins terapêuticos.
Disponível em:
www.iea.usp.br/iea/cienciaesociedade.html. Acesso em: 25 mai. 2020.
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