Prof.° Elisonaldo Câmara

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Mossoró/Guamaré / Pedro Avelino, Rio Grande do Norte, Brazil
Graduado em História pela UERN, Especialista em Geo-História, professor do município de Guamaré e do Estado do Rio Grande do Norte.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Somos todos Idade Média,

Pouca gente se dá conta, mas muitos hábitos, conceitos e objetos tão presentes no nosso dia a dia vêm daquela época. Pensemos num dia comum de uma pessoa comum. Tudo começa com algumas invenções medievais: ela põe sua roupa de baixo (que os romanos conheciam, mas não usavam), veste calças compridas (antes, gregos e romanos usavam túnica, peça inteiriça, longa que cobria todo o corpo), passa o cinto fechado com fivela (antes ele era amarrado). A seguir, põe uma camisa e faz um gesto simples, automático, tocando pequenos objetos que também relembram a Idade Média, quando foram inventados por volta de 1204: os botões. Então ela põe os óculos (criados em torno de 1285, provavelmente na Itália) e vai verificar sua aparência num espelho de vidro (concepção do século XIII). Por fim, antes de sair olha para fora através da janela de vidro (outra invenção medieval, de fins do século XIV) para ver como está o tempo.
Ao chegar na escola ou no trabalho, ela consulta um calendário verificando quando será, digamos, a Páscoa este ano: 23 de março de 2008. Assim fazendo, ela prática sem perceber alguns ensinamentos medievais. Foi um monge do século VI que estabeleceu o sistema de contar os anos a partir do nascimento de Cristo. Essa data (25 de dezembro e o dia da Páscoa (variável) também foram estabelecidos pelos homens da Idade Média. Mais ainda, ao escrever aquela data - 23/3/2008 -, usamos os chamados algarismos arábicos, inventados na Índia e levados pelos árabes para a Europa, onde foram aperfeiçoados e difundidos desde o começo do século XIII. O uso desse algarismo permitiu progressos tantos na matemática, por serem bem mais flexíveis que os algarismos romanos anteriormente utilizados. Por exemplo, podemos escrever aquela data com apenas sete sinais, mas seria necessário o dobro em algarismos romanos (XXII/III/MMVII) [...]
Sentimos fome, a pessoa levanta os olhos e consulta o relógio na parede da sala, imitando gestos inaugurados pelos medievais. Foram eles que criaram, em fins do século XIII, um mecanismo para medir o passar do tempo, independentemente da época do ano e das condições climáticas. Sendo hora do almoço, a pessoa vais para casa ou para o restaurante e senta-se à mesa. Eis aí outra novidade medieval! Na Antiguidade, as pessoas comiam recostadas numa espécie de sofá, apoiados sobre o antebraço. Da mesma forma que os medievais, pegamos os alimentos com colher (criada aproximadamente em 1285) o garfo (século XI, de uso difundido no XIV). Terminada a refeição a pessoa passa no banco, que como atividade laica, nasceu na Idade Média. Depois para autenticar documentos, dirige-se ao cartório, instituição que desde a Alta Idade Média preserva a memória de certos atos jurídicos ("escritura"), fato importante numa época em que pouca gente sabia escrever.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. Somos todos Idade Média. Revista de História  da Biblioteca nacional. mar. 2008. Disponível em: <www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhes&id=1450>.Ascesso em : 10 dez. 2008.

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