A tradição mística judaica, que nos últimos tempos ganhou notoriedade pela adesão de artistas internacionais à sua versão moderna, busca compreender as entrelinhas da Torá para se aproximar de uma Verdade além das palavras.
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A Árvore da Vida, um dos símbolos dessa antiga filosofia, representa a fundação do cosmos. |
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Tudo começou depois da destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C. A Terra Prometida foi devastada pelos romanos, e arquivos históricos da cultura judaica desapareceram. Diante da catástrofe, sábios como Yochanan ben Zakai e Akiva ben Joseph deixaram a cidade em chamas para fundar uma escola na cidade de Jâmnia, com o objetivo de registrar em livros tudo aquilo que os judeus conheciam de sua história.
Que conhecimentos eram esses? Em primeiro lugar, que Moisés tinha recebido de Deus, sobre o monte Sinai, não somente a lei escrita (a Torá), mas também a lei oral (o Talmude) e os comentários esotéricos relativos àquela lei. Do hebraico gabbala (recebimento, transmissão, tradição), a cabala é, portanto, este último conjunto de ensinamentos.
Até o século II, os comentários esotéricos não eram escritos porque os sábios acreditavam que reproduzi-los no papel engessaria o conhecimento. Foi quando um respeitado aluno da escola de Jâmnia, o rabino Shimon bar Yochai, reuniu todos os relatos em um manuscrito secreto, o Sefer ha-Zohar (o Livro do esplendor). Reza a lenda que o material teria sido escondido um uma gruta perto da cidade de Safed, hoje em Israel.
O Zohar, considerado um texto canônico, só veio a público no século XIII, quando teria sido redigido em aramaico por Moisés de Leon (1240-1305), um cabalista espanhol de Guadalajara, que, por sua vez, atribuiu o texto ao rabino Shimon bar Yochai. Composto de 23 volumes, tornou-se instrumento cotidiano dos cabalistas, que procuravam desvendar os segredos da Torá.
Após a expulsão dos judeus da Espanha, em 1492, os cabalistas ibéricos se dispersaram pelo Mediterrâneo, e um grupo de grandes eruditos se reuniu em Safed. Moisés Cordovero (1522-1570) foi sua primeira grande figura. Os ensinamentos de seu discípulo Isaac Luria (1534-1572), vulgo Ari Zal, o Santo Leão, foram inseridos em diversas obras, entre as quais o Sefer Ets Hayyim (Livro da árvore da vida).In: História Viva. |
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