Henrique Tudor não herdou a coroa da Inglaterra, ele a conquistou. Derrotou Ricardo III na Batalha de Bosworth Field, o último episódio da guerra travada durante 30 anos entre a casa real de Lancaster e a de York. A chamada Guerra das Rosas causou estragos nas famílias nobres do reino, de modo que Henrique Tudor acabou sendo o herdeiro da casa de Lancaster. Pelo lado da mãe, Lady Margaret Beaufort, Henrique pertencia aos Lancaster. Mas pelo lado do pai, o galês Edmund Tudor, ele não tinha nenhum sangue Plantageneta. Buscando antepassados gloriosos, Henrique diria ser descendente de Cadwaladr, filho de Cadwallon, poderoso rei galês do século VII, e reivindicaria o legado do lendário rei Artur, ancorando assim as raízes Tudor no mais antigo solo inglês.
O verdadeiro fundador da casa
de Tudor foi Owen, um jovem senhor galês, bonito, corajoso e
inteligente, que se tornara famoso por seu romance com Catarina de
Valois, viúva de Henrique V, e pelo importante papel que desempenhou na
Guerra das Rosas. Owen e Catarina tiveram cinco filhos, entre os quais
Edmund, pai de Henrique VII. Mas, apanhado pelo turbilhão sangrento da
guerra fratricida, Edmund Tudor morreu antes do nascimento do filho.
Henrique foi educado, instruído e treinado na arte da guerra por seu tio
Jasper, conde de Pembroke, que fora o arquiteto da conquista da
Inglaterra e do País de Gales pelos Lancaster.
O Parlamento o
recebeu como um novo Josué, enviado por Deus para libertar o povo da
tirania. Henrique Tudor, no entanto, estava consciente da fragilidade
das suas pretensões à coroa. Sua linhagem era boa, porém havia quem
estivesse mais perto do trono do que ele. Por precaução, ele mandou
levar para a Torre de Londres Eduardo, conde de Warwick, um menino
simplório de 10 anos de idade, fi lho de George de York, duque de
Clarence. Prudente, escolheu como conselheiros homens de valor
selecionados entre os York e entre os Lancaster, e, para consolidar a
legitimidade da sua descendência, casou-se com Elizabeth de York, a fi
lha mais velha de Eduardo IV. Teriam sete filhos, dos quais quatro
sobreviveriam: Arthur (1486-1502), Margareth (1489-1541), Henrique
(1491-1547) e Mary (1496-1533). A descendência da dinastia estava
garantida.
O rei queria que Arthur nascesse em Winchester, um dos
prováveis locais do castelo do rei Artur e capital de Camelot, e foi
ali, também, que ele foi confiado aos maiores mestres do momento. Naquela
época, os casamentos selavam alianças políticas. Com apenas 3 anos de
idade, Arthur estava noivo de Catarina, fi lha de Isabel de Castela e
Fernando de Aragão. Para o rei Tudor, uma aliança com a Espanha era a
melhor maneira de contrabalançar o poder da França, da qual a Inglaterra
ainda possuía somente Calais. Para pôr um fim às disputas com seus
turbulentos vizinhos escoceses, Henrique VII casou sua fi lha Margareth
com o rei James IV, vinte anos mais velho que ela, enquanto a jovem Mary
estava destinada a partilhar a vida e o leito do velho rei da França,
Luís XII, de quem ficaria rapidamente viúva.
Na política interna,
Henrique VII tomou medidas eficientes, apoiando-se em três classes
poderosas: a gentry (nobreza sem título), os yeomen (pequenos proprietários rurais não nobres) e
os comerciantes. Reorganizou o exército e promoveu o comércio e a
navegação. Concluiu um tratado comercial com a Holanda (Magnus
Intercursus), primeiro marco da política dos tempos modernos: a
conquista dos mercados estrangeiros. Ele participou também das mais
importantes descobertas marítimas do seu tempo. Rei pacífico e
parcimonioso, encheu novamente os cofres do Tesouro real. A recuperação
financeira do reino foi espetacular. O casamento de Arthur e Catarina de
Aragão foi celebrado em novembro de 1501. No entanto, Arthur era frágil e
morreu alguns meses mais tarde. Henrique VII decidiu unir seu segundo
filho, Henrique, à jovem viúva, para preservar a aliança com a Espanha e
evitar devolver o dote.Fonte: História Viva.
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