Por: Elisonaldo Câmara.
'’Revolucionário
Pernambuco’’.
Com a
transferência da Corte portuguesa para sua mais próspera colônia , em 1808,
transformou cidade do Rio de Janeiro no centro das decisões políticas,
administrativas, econômicas e sede do Império Português. A nova capital do
governo Português, passou a receber impostos vindos das outras regiões do
Brasil e a desfrutar de todas as vantagens do sistema colonial. Se antes os
brasileiros repudiavam o autoritarismo colonialista lusitano, o controle
exercido por Lisboa, agora era a supremacia do Rio de janeiro que causava
indignação. Na região Norte (que hoje engloba os Estados do Nordeste), o
ressentimento com a corte era enorme. As cidades de lá não viam vantagem em
mandar tanto dinheiro para o Sul. Entre as taxas, havia uma destinada a financiar
a iluminação das ruas da capital do governo lusitano no Brasil. Não é surpresa
que ela tenha se tornado o grande símbolo da exploração.
Entre
1817 e 1824, a província de Pernambuco foi cenário de rebeliões e revoltas
contra o poder absolutista e colonialista de Portugal. Manteve-se em estado de rebeldia constante,
tornando-se um grande obstáculo do rei português Dom João VI e, depois, do
imperador brasileiro dom Pedro I. Após a independência, conquistada em 1822, o
Brasil precisava de novas leis. Em 1823, foi convocada uma Assembleia Nacional
Constituinte, que se reuniu no Rio de Janeiro. Mas, em 12 de novembro, dom
Pedro I ordenou seu fechamento. Os temores haviam se concretizado: o imperador
não estava muito a fim de dividir seu poder. Na província de Pernambuco, a
reação veio rápida e, em 13 de dezembro, as câmaras municipais de Recife e
Olinda elegeram uma junta de governo. À frente dela estava Manuel de Carvalho.
Veterano da Revolução de 1817, ele havia se refugiado nos Estados Unidos, onde
se encantara com o grau de autonomia dos estados. Era isso o que muitos
pernambucanos queriam para o Brasil. Mas, em 25 de março de 1824, o imperador
outorgou ao país uma nova Constituição. No texto, um dos principais artigos era
a criação do Poder Moderador, que conferia ao Imperador do Brasil D. Pedro I,
amplos poderes em relação aos demais e estava acima do povo e de qualquer
instituição. E era ele, claro, quem deveria escolher os presidentes das
províncias.
Para província
de Pernambuco, o imperador nomeou José Carlos Mayrink. Em meio à agitação na
província, entretanto, o escolhido não teve coragem de assumir. Dom Pedro I
mandou uma esquadra bloquear o porto de Recife enquanto o poder não fosse
passado a Mayrink. Os pernambucanos continuaram irredutíveis até que, em junho,
a frota teve de voltar ao Rio por causa de uma suposta ameaça de invasão
portuguesa.
Com o fim
do bloqueio, Manuel de Carvalho propôs que as províncias do norte se unissem
para formar um país independente. Em 2 de julho de 1824, nascia a Confederação do Equador, inspirada nos ideias iluministas da
independência dos Estados Unidos e na Revolução Francesa,influenciados pela
Maçonaria propondo a criação de uma república separatista. Um dos membros mais destacados
do movimento foi Joaquim do Amor Divino Rabelo, mais conhecido como Frei
Caneca. Com sua influência religiosa, ele conseguiu o apoio de Ceará, Rio
Grande do Norte e Paraíba, que aderiram à Confederação. Em pouco tempo, as
notícias sobre o levante no Brasil chegavam no exterior. Nem todas as grandes
nações da época haviam reconhecido a autoridade de dom Pedro I e a revolta não
ajudava em nada a diplomacia. O governo imperial do Brasil contraiu empréstimos
aos bancos ingleses e contratou vários mercenários estrangeiros para sufocar os
rebeldes pernambucanos. Em agosto, tropas imperiais desembarcaram em Alagoas e
de lá foram para o Recife e contaram com os senhores de engenho que ajudaram a
derrubar os rebeldes. A Confederação foi extinta em 29 de novembro. Manuel de
Carvalho foi poupado e fugiu para a Inglaterra, enquanto outros líderes da
insurreição foram executados. No Rio de Janeiro, a Corte respirava aliviada com
a manutenção de seu poder sobre todo o país.
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