Militares
no poder: de Castello Branco a Médici: O golpe político que depôs João Goulart,
em 31 de março de 1964, foi liderado pelos generais Luis Carlos Guedes e
Olímpio Mourão Filho, com o apoio dos governadores Carlos Lacerda do estado da
Guanabara (atual Rio de Janeiro), e Magalhães Pinto, de Minas Gerais. A
Presidência da República foi ocupada por cinco presidentes militares nomeados
pelo exército brasileiro. Os presidentes do Regime foram: Humberto de Alencar
Castello Branco (1964-1967); marechal Arthur da Costa e Silva (1967-1969);
general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974); general Ernesto Geisel
(1974-1979); general João Baptista Figueiredo (1979-1985). O Regime Militar no
Brasil teve um caráter ditatorial: não garantia a população brasileira o pleno
direito de exercício da cidadania; não havia eleições diretas e não existia a liberdade
de expressão e opinião e a imprensa controlada pelo Estado, os opositores
políticos eram perseguidos violentamente e qualquer forma de manifestação
contra o governo era reprimida.
Consolidação
do Regime Militar: Castello Branco assumiu o poder em 15 de abril de 1964,
orientando no seu governo um alinhamento com a política externa estadunidense:
declarando-se inimigo das ideias socialistas, rompeu relações diplomáticas com
Cuba e favoreceu o capital estrangeiro, no plano interno promoveu forte
repressão policial contra qualquer manifestação política; intervenção dos
sindicatos; invadiu e fechou a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE); e
cassou mais de trezentos mandatos parlamentares com suspensão dos direitos
políticos. O programa econômico se fez na concentração de renda, na expansão do
crédito e na abertura da economia brasileira ao capital externo. No plano
político, houve centralização do poder; fortalecimento do Poder Executivo pelos
militares; controle dos partidos e sindicatos; censura aos meios de
comunicação; e a reativação da Lei de Segurança Nacional. Atos institucionais (AI):
Eram decretos que representavam a vontade e os interesses do alto comando
militar. Somente no mandato de Castello Branco, foi baixado quatro AI.
·
AI-1:
cassou políticos e suspendeu os direitos dos cassados por dez anos, podia
aposentar funcionários públicos, civis e militares. Os poderes do Legislativo
foram diminuídos, mas o Congresso continuava funcionando, bem como as
assembleias legislativas estaduais e as câmaras municipais de todo o país.
·
AI-2:
extinguiu os partidos políticos, e as eleições diretas para presidente e vice
foram suspensas. Foi estabelecido o bipartidarismo, isto é, somente eram
permitidos no Brasil dois partidos políticos: a Arena (Aliança Renovadora
Nacional) com o objetivo de apoiar o governo e o MDB (Movimento Democrático
Brasileiro) que era o partido da oposição, mas sendo controlado pelo governo.
·
AI-3:
tornou as eleições para governador indiretas; onde o cargo era preenchido por
um oficial militar indicado pelo Estado.
·
AI-4:
estabeleceu a elaboração de uma nova Constituição para o país. Em 1966, o general
Arthur da Costa e Silva e, no ano seguinte, a nova Constituição foi promulgada.
Ao longo desse governo, houve varias manifestações populares, como a Passeata
dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, em junho de 1968. As declarações do deputado
Márcio Moreira Alves, do MDB, criticando o governo e convocando um boicote a
parada militar de 7 de setembro, levou o regime ao auge da repressão. Em 1968,
Costa e Silva assinou o AI-5: que fechou o Congresso Nacional e deu poderes absolutos
aos militares, cancelando as liberdades civis: podiam invadir as casas, prender
e julgar qualquer pessoa, mesmo sem provas contra o acusado e sem autorização
do Judiciário. O AI-5 determinou o exílio de vários políticos, artistas,
intelectuais, professores, escritores, jornalistas e músicos. Emílio Garrastazu
Médici (1969-1974), onde durante o seu mandato, a repressão, a censura e a
violência contra os cidadãos atingiram o auge. Para reprimir as manifestações,
o governo criou o Departamento de Operações Internas – Centro de Operações de
Defesa Interna (DOI-CODI), que tinha a missão de reprimir a oposição. A partir
de então, a prática da tortura e o desaparecimento de presos políticos
tornou-se frequente. As informações sobre a realidade não chegavam à maioria
dos brasileiros que estavam sob a influência de propagandas nacionalistas.
Estas deixavam clara a posição dos governantes e daqueles que o apoiavam: “Brasil: ame-o ou deixe-o” ou “Este é um país que vai pra frente”. Economicamente,
o Brasil cresceu ao retornar a política com o modelo desenvolvimentista dos
anos 1950. Foram feitas grandes obras como a rodovia Transamazônica e a ponte Rio
Niterói. As indústrias de base cresceram e os resultados e a propaganda
prometia que o Brasil seria uma grande potência mundial até o ano 2000. Era o
falso “milagre econômico”.
Com o fim do governo Médici, em 1974, o
general Ernesto Geisel assumiu o poder e deu inicio a um lento processo de
abertura do Regime, e se deu a falência do modelo do “milagre econômico”.
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