O povo de Salvador foi protagonista da Guerra de Independência contra os
portugueses, na Bahia. No dia 2 de julho de 1823, um ano depois do
grito de Dom Pedro, eles venceram de forma definitiva nossos antigos
colonizadores.
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No dia 2
de julho de 1823, as tropas do general português Inácio Luiz Madeira de Melo
desocupavam a cidade de Salvador e deixavam o Brasil, dando fim, na Bahia, ao
processo de nossa independência, galvanizada pelo brado de D. Pedro no riacho
do Ipiranga, em 7 de setembro do ano anterior. Do Fortim da Lagartixa, situado
à beira d’água, logo embaixo da Lapinha, um tiro de fuzil alertou para a
partida dos lusitanos e deu início à Marcha da Vitória, desfile épico em que as
tropas do Exército Libertador entravam na cidade aclamadas pela população soteropolitana. Dirigiram-se ao centro
histórico de poder da antiga capital e recolocaram nas mãos dos naturais
daquela terra o destino de seu povo.Essa história começa após a Revolução de
Abril de 1820, quando os portugueses, em Lisboa, não admitiam mais que os
destinos do Império Português fossem dirigidos por D. João VI a partir da
cidade do Rio de Janeiro, que fora erigida em capital do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves, quando da transmigração da família real para o
Brasil, em 1808. Queriam o retorno ao status quo ante, com o Brasil voltando a
ser mera colônia lusa. Nos tempos de D. João VI, a defesa do nosso território
estava entregue às tropas lusas, trazidas de Portugal logo após a expulsão dos
franceses da península Ibérica. Uma Divisão de Voluntários Reais, sob o comando
do tenente-general Carlos Frederico Lecor, foi mandada para garantir a posse da
Província Cisplatina, região que corresponde ao Uruguai, hoje. Outra divisão, a
Auxiliadora, foi trazida após a tentativa, em 1817, de se estabelecer, no
Recife, um enclave republicano. Foi dessa tropa que se destacou um batalhão, o
12o de Infantaria, para defender os interesses da Corte em Salvador, ficando
outros dois, um no Recife – o do Algarve – e o de Fidié, aquartelados no Piauí.
A maior parte estacionou no Rio de Janeiro, então sede do grande império
português em todo o mundo.Quando, nos idos de 1821, começou-se a discutir os
destinos do Reino e D. João retornou a Portugal, deixando-nos seu filho como príncipe
regente, a Bahia, aderindo à Revolução de 1820, declarou-se parte do reino de
Portugal, desligando-se do Brasil. Iniciou-se aí a disputa de poder entre lusos
fiéis às Cortes de Lisboa e os naturais da terra, que mantinham fidelidade ao
príncipe regente e não desejavam ver o Brasil transformado novamente em colônia
portuguesa. Na Bahia, os comerciantes lusos eram maioria em Salvador, enquanto
os naturais da terra, donos de engenhos, dominavam o interior, particularmente
o Recôncavo, de onde provinha a riqueza e o abastecimento da cidade, que não
produzia nada.
Uma revolta dos naturais da terra, iniciada pelo
Regimento de Artilharia aquartelado no Forte de São Pedro, em Salvador,
transformou seu comandante, o coronel Manoel Pedro de Freitas Guimarães, em
general e o aclamou comandante das Armas da Bahia. Manoel Pedro contava,ainda, com outras tropas de milícias, compostas por um Regimento de Infantaria e por um Batalhão de Caçadores.Fonte: História Viva.