Prometeu, o
Titã que roubou o fogo de Zeus para dá-lo aos homens, tinha um irmão chamado
Epimeteu. Prometeu não se cansava de alertá-lo de que Zeus poderia voltar a
querer se vingar.
– E que tenho
eu com as birras de vocês? – disse Epimeteu.
– Idiota! –
exclamou Prometeu. – Ele pode querer vingar-se em você, ou na humanidade!
Epimeteu deu
de ombros, pois não era à toa que seu nome significava “percepção tardia”.
Enquanto isso,
no Olimpo, já estava em marcha uma nova vingança de Zeus. O pai dos deuses
mandara Hefestos confeccionar uma mulher biônica para enviar de presente aos
irmãos rebeldes. Todos os deuses deram sua contribuição para tornar a criatura
irresistível, razão pela qual ela se chamou Pandora, que quer dizer
“bem-dotada” em grego. Zeus, na verdade, ficou tão encantado que, não fossem os
olhares irados de sua esposa, a teria tomado para si. Depois,deu uma caixa para
a jovem, para que ela a levasse de presente a Epimeteu, pois era para o irmão
imprevidente que a beldade seria enviada.
Pandora,
porém, sentiu-se meio confusa:
– Mas não sou
eu o presente? Um presente levando outro?
– Não pense,
menina – disse Zeus. – Faça o que eu disser e fará bem.
Zeus proibiu a
garota de abrir a caixa com tanta veemência que conseguiu o que queria, que era
deixá-la cheia de curiosidade. Ela partiu e, no mesmo dia, chegou à morada de
Epimeteu, que delirou com o presente. Depois, ele a instalou no seu quarto,
ocasião que ela aproveitou para ir ver o que a caixa continha. Porém, mal a
abriu e uma coleção horrenda de criaturas escapou e se espalhou aos guinchos
por todo o mundo. Eram elas: a Fome, a Guerra, a Doença, a Morte e um exército
tão inumerável de flagelos que Pandora fechou a caixa outra vez, deixando presa
no interior apenas a Esperança. E este foi o
último dos males, pois com a Esperança encerrada na caixa se
tornaram intoleráveis todos os demais que a cólera de Zeus espalhara sobre a
humanidade.