Por: Elisonaldo Câmara
Fugindo de perseguições religiosas e
políticas, comunidades migraram da Inglaterra para o Novo Mundo,
estabelecendo-se no litoral atlântico da América do Norte. Ao norte da costa,
estabeleceram-se comunidades puritanas e presbiterianas (protestantes). Ao
centro e estabeleceram-se com unidades anglicanas e católicas. O projeto desses
colonos pioneiros continha a idéia de construção de sociedades autônomas em que
pudessem erguer um “novo lar”. Entretanto, para viabilizar esse projeto, os recém-chegados
enfrentaram a resistência de grupos indígenas. Com o propósito de ocupar terras
indígenas e delas retirar suas riquezas, os colonos entraram em guerra
sistemática com os índios.
Esse projeto também provocou conflitos
entre colonos e autoridades inglesas, desde o início da colonização, pois o
controle colonial, pretendido pela metrópole, não era aceito pelos colonos, o
modelo utilizado pelos colonos ingleses foi totalmente diferente do modelo
imposto pela colonização portuguesa e espanhola, ás treze colônias não estavam
submetidas ao pacto colonial e
podiam comercializar seus produtos com outras nações.
CARACTERÍSTICAS
DAS COLÔNIAS E A BUSCA DA AUTONOMIA
Durante a colonização, o projeto de
autonomia dos colonos foi crescendo, principalmente nas colônias do Norte, onde
foram criados os sistemas de autogoverno representativo dos colonos. Nessas
colônias, desenvolveu-se uma produção agrícola diversificada, baseada na
pequena e média propriedade rural. Além disso, estabeleceu um dinâmico comércio marítimo com as Antilhas
e a África. Inicialmente, ao contrário do que ocorria na América Portuguesa, os
colonos ingleses não eram proibidos de fazer comércio com os estrangeiros. Nas
regiões centro e norte desenvolveram-se colônias relativamente autônomas,
baseadas na média e pequena propriedade, que não estavam sujeitas a uma
exploração colonial intensa, característica, por exemplo, do que acontecia nas
colônias espanholas e portuguesas.
Já nas colônias inglesas do Sul,
desenvolveu-se uma produção agrícola mais voltada para o mercado externo
(tabaco e algodão), baseada em grandes propriedades rurais (plantations) e na
utilização do trabalho escravo africano. Os escravos africanos atingiram quase
40% da população das colônias do Sul.
Mais dependente da metrópole, boa parte dos
colonos do sul era mais conservadora e foi, até mesmo, contrária ao rompimento
definitivo com a Inglaterra
A
DOMINAÇÃO INGLESA
O
processo de independência das 13 colônias inglesas da América foi desencadeada
no fim da Guerra de Sete Anos
(1756-1763), na qual Inglaterra e França disputavam regiões da América do
Norte. Embora vitoriosa, a Inglaterra saiu da guerra com sua economia abalada,
devido às despesas militares. Para recuperar a economia, o governo inglês tomou
medidas que ampliaram sua dominação sobre suas 13 colônias, Entre elas se
destacam:
• Lei do Açúcar (1764) – proibia a importação do rum estrangeiro e
cobrava taxas de importação do açúcar que não viesse das Antilhas;
• Lei do Selo (1765) – cobrava uma taxa sobre os diferentes
documentos comerciais, jornais, livros, anúncios;
• Lei do Chá (1773) – concedia o monopólio da venda do chá nas
colônias à Cia. das Índias Orientais. O objetivo do governo inglês era combater
o contrabando de chá realizado pelos comerciantes americanos. Revoltados com
essa decisão, em dezembro de 1773, os colonos, prejudicados em seus negócios,
destruíram diversos carregamentos de chá que estavam no porto de Boston.
A REAÇÃO INGLESA
Em resposta á destruição dos
carregamentos de chá que estava no porto de Boston, a metrópole traduziu-se, em
1774, nas Leis Intoleráveis.
Destacaram-se a Lei do Porto de Boston, que fechava o porto até o
pagamento integral do chá lançado ao mar; a Lei do Aboletamento,
ordenando às autoridades que dessem alojamento adequado aos soldados ingleses;
e a Lei de Quebec, que garantia aos habitantes franceses do Canadá a
liberdade de religião e de costumes.
Essas medidas leis adotadas pela Metrópole provocaram
reação da elite colonial que não desejava perder sua relativa autonomia. Os
norte-americanos não aceitaram a intensificação da exploração colonial, para
protestar contra essas leis realizou-se o Primeiro Congresso da Filadélfia com representantes das
treze colônias,
nesse congresso, elaborou-se um documento que foi enviado ao governo inglês, no
entanto o governo inglês não estava disposto a fazer concessões. O choque de
interesses entre a metrópole inglesa
e os colonos tornou-se inevitável, iniciando o conflito armado entre as
colônias e a Inglaterra, á declaração de Independência ocorreu em 1776 mais o
tratado de paz só ocorreu em 1783.
A independência americana foi influenciada
pelas ideias iluministas de Liberdade, Justiça, Felicidade e combate
à opressão política, difundidas nas colônias por homens como:
DECLARAÇÃO DE
INDEPENDÊNCIA
“Todos os homens são criados iguais e são
dotados por Deus de certos direitos fundamentais como o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Para garantir esses
direitos são instituídos governos entre os homens. O justo poder desses
governos provém do consentimento dos governados. Todas as vezes que qualquer
forma de governo destruir esses objetivos, o povo tem o direito de alterá-la ou
aboli-la e estabelecer um novo governo em nome de sua própria segurança e
felicidade.”
“Nós, [...]
representantes dos Estados Unidos da América, reunidos em Congresso Geral,
apelando para o Juiz supremo do mundo pela retidão de nossas intenções, em nome
e por autoridade do bom povo destas colônias, publicamos e declaramos
solenemente: que estas colônias unidas são e de direito têm de ser Estados
livres e independentes, que estão desoneradas de qualquer vassalagem para com a
Coroa Britânica, e que todo vínculo político entre elas e a Grã-Bretanha está e
deve ficar totalmente dissolvido.”
Declaração de
Independência dos Estados Unidos, 1776. (Fragmentos.) Ediciones SM, 1997
DISCUSSÃO
E ANALISES
O movimento
separatista norte-americano teria sido um processo de descolonização ou uma
revolução burguesa?
Essa questão
costuma gerar controvérsias entre os historiadores. Porém, ver o movimento
norte-americano ora como um processo de independência, ora como uma revolução
não altera sua importância histórica. Independentemente das eventuais
interpretações, esse movimento representou o primeiro ensaio das ideias que
seriam desenvolvidas pouco depois, no decorrer da Revolução Francesa, e, com as
mobilizações dos cidadãos franceses contra o absolutismo, constituiu um exemplo
para o movimento de independência das colônias da América do Sul.